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Histórico da Cidade

Em 1620, aproximadamente, época do ciclo do ouro, surgiu um pequeno povoado na Estrada da Boiada (estrada que até hoje corta a cidade de Vinhedo). A chamada rota dos bandeirantes e também dos tropeiros, que transportavam gado e produtos, acabou desenhando o desenvolvimento do país. E a história de Vinhedo não é diferente.

Em 31 de outubro de 1908, o governador do Estado de São Paulo, Albuquerque Lins, promulgou a Lei nº 1138, criando o Distrito de Paz de Rocinha, no município de Jundiaí e, pela proximidade com aquela cidade, acabou atraindo novos moradores. O Distrito, antes simples pousada daqueles bandeirantes e tropeiros, tornou-se um dos principais locais da região.

A população, formada principalmente por imigrantes europeus, transformou a agricultura, bastante diversificada, na base da economia local, caracterizada, principalmente, pela grande quantidade de videiras predominantes em seus vales e encostas. Rocinha não parou de crescer. As ruas foram surgindo e o Distrito ganhou condições urbanas de um povoado em desenvolvimento.

Na década de 20, a agricultura deixou de ser o principal ramo de economia, quando foi construída a primeira indústria do Distrito, a Fiação e Tecelagem Sant’Anna, inaugurada em 1925. Em 1947, foi fundada a Cerâmica Jatobá, e em 1953, a Carborundum.

O povoado prosperava e os problemas começavam a surgir. Diversas pessoas influentes na cidade, como médicos, jornalistas, famílias tradicionais etc, captando o anseio da população em se desligar de Jundiaí, iniciaram o processo de emancipação do Distrito.

Este grupo de emancipadores era liderado pelo médico Abrahão Aun e composto por Alcides Guarido, Aristides de Paula, Antônio Medeiros Júnior, Antônio Elias, Antônio Vendramini, Agenor de Mattos, Antônio Zechin, Antônio Maria Torres Filho, Milton de Souza Meirelles, Monsenhor Favorino Carlos Marrone, Carmelo Consolo, Humberto Pescarini, Henrique de Barros Leite, Júlio Francisco de Paula, Jacob Matenhauger, Gumercindo Rocha, Luiz Rotella, Manoel de Sá Fortes Junqueira Júnior, Manoel Fernandes, Odilon de Souza e Epiphânio Salustiano de Souza.

O plebiscito foi marcado para 24 de outubro de 1948, plenamente democrático e simples, onde todos podiam votar. Eram homens e mulheres acima de 18 anos, que viviam no Distrito, no mínimo há dois anos. Dos 1.666 eleitores que compareceram à votação, 1.563 lutaram pela emancipação, oficializada no mês de dezembro do mesmo ano.

Em 2 de abril de 1949, aconteceu a escolha do primeiro prefeito, tendo como candidato único, o médico Abrahão Aun. Vinhedo foi o nome escolhido para homenagear o principal produto agrícola da cidade – a uva.

O progresso chegou, mas Vinhedo continua resgatando a cultura de uma cidade do interior. Em proporção adequada, a qualidade de vida e crescimento são características do município.

A Festa da Uva

Antes mesmo da emancipação de Vinhedo, um grupo de agricultores celebrava a colheita dos frutos ao som de músicas tradicionais e muita alegria. Era um momento mágico, em que os produtores comemoravam o fruto de seu trabalho com a comunidade local.

Oficialmente, a primeira Festa da Uva aconteceu na Praça Sant’Anna no ano de 1948. Com o passar do tempo e à medida em que prosperava a cidade, o evento também cresceu.

Hoje, Vinhedo não é mais uma cidade agrícola, mas fica evidente na população a preocupação com a preservação das tradições e da cultura daqueles que ajudaram a construir o município.

AURORA BUENO SUDÁRIO (D. AURORA)

SÍNTESE BIOGRÁFICA

 

Dona Aurora Sudário

Dona Aurora Sudário

 

Texto escrito por Fátima Aparecida Jesus da Silva

Aurora Bueno Sudário (1891*-1997), mais conhecida como Dona Aurora, conforme dados documentais nasceu em 13 de abril de 1899, em Rocinha, atual Vinhedo,  na antiga Fazenda Lacerda, onde hoje  está localizado o Condomínio São Joaquim. Filha do casal Luzia Soares e Camilo Bueno teve seu registro feito muito depois de seu nascimento, por ocasião de seu casamento, fato comum à época,  mas que deu origem a  controvérsias em torno da data de seu nascimento. Contudo,  a  data que Dona Aurora tinha como certa de seu nascimento, era 08 de março de 1891*. Pertencia a uma família de seis irmãos: Pedro Soares, Maria Soares, Elisa Soares, Alfredo Soares, Aurora Bueno e João Camillo. Casou-se em primeiras núpcias com Manoel Sudário, com quem teve os filhos Benedito Sudário, Luzia Sudário da Silva, Luiz Solidário e Manoel Sudário Filho. E, em segundas núpcias, com Salvador Antônio Sudário, gerando mais um descendente, Carmo Aparecido Sudário.  Além de seus filhos naturais,  educou e cuidou de seus sobrinhos, Antônio Soares, Armando Soares e Santo Soares. Faleceu em 09 de dezembro de 1997, com 106 anos, em decorrência de um AVC, que lhe acometeu dois das antes de seu óbito, enquanto estava em sua sala de atendimento, com pessoas que  aguardavam benzimento e aconselhamento. O seu sepultamento foi acompanhado por grande número de pessoas e, até hoje, o seu túmulo, no Cemitério Municipal de Vinhedo, é visitado por pessoas em sinal de agradecimento e busca de amparo para suas dores.

Filha de lavradores negros, criou-se envolta nas tradições rurais e católica  que lhe conferiram fortes valores familiares e religiosos. Possuidora de uma fé inabalável, rezava vários terços por dia, e o mantinha à mão. Com sua crença viveu, suportou e superou os seus dias mais duros, permanecendo amável, com firmeza de caráter e fiel aos seus bons propósitos. Sempre ativa em sua comunidade, promoveu e estimulou desde a década de 1920, atividades culturais ligadas a tradição católica como rezas do terço, procissões em louvor aos Santos Católicos e romarias anuais a santuários como o de Nossa Senhora Aparecida e Bom Jesus de Pirapora. Ainda dentro da tradição católica de homenagem aos seus santos e padroeiros, organizou as festas de Santo Antônio, São Pedro, São João, com o tradicional ato de “levantamento de bandeira”, que constitui-se do hasteamento de pequenas bandeiras pintadas com as imagens dos santos em um mastro cravado na frente da casa, às vezes antecedida por missa, seguida pela reza do terço e procissão, com posterior festa na qual acontecia o samba de roda e o baile com toda a comunidade. Essa tradição do levantamento das bandeiras foi mantida por Dona Aurora, de forma ininterrupta, por 65 anos. Após o seu falecimento, seus descendentes deram continuidade à essa tradição cultural nacional, presente também na cidade de Vinhedo.

Detentora de grande autoridade moral e sensibilidade social, forjada na vivência em meio a uma comunidade negra, materialmente muito pobre, caracterizada pelo forte elo familiar e  senso de responsabilidade e solidariedade em relação ao outro, a todos tinha sempre uma palavra de acolhimento, alento,  conforto e orientação de bom direcionamento para a vida. Reconhecida e muito procurada por pessoas de Vinhedo, de cidades vizinhas e até de outros Estados do Brasil, por seus conselhos e benzimentos, com essas práticas aliviou males físicos, emocionais e espirituais. Além das pessoas carentes,  auxiliou também personalidades do meio artístico, esportivo e político. Aos mais necessitados disponibilizava, além  do benzimento e conselho, alimentação, e, até acolhimento em sua residência. Para algumas pessoas que vinham de muito longe até sua casa a pé, ao saber do fato, Dona Aurora sempre cedia alimentação, e, das doações que recebia, os auxiliava com recursos para custeio do transporte e viabilização do retorno  para a continuidade dos benzimentos. Tornou sua vida e seu espaço de vivência, um lugar de assistência e encontro. Acionava uma extensa rede de amizade, solidariedade e ajuda efetiva, colocando-se como uma ponte entre as pessoas  que a procuravam, colaborando de forma direta para formação de vínculos positivos que solucionavam  questões corriqueiras do dia a dia e outras mais fundantes, mas todas importantes para a preservação, organização e manutenção da vida. Assim suas intervenções através dessa rede de auxílio, quando necessária e possível, iam desde a locomoção, para o retorno à  residência, de pessoas que vinham para atendimento, até aquelas relacionadas ao trabalho, por exemplo. Preocupada com as necessidades do povo trabalhador e com os compromissos de trabalho dos mesmos, desdobrava-se nos seus dias e horários de atendimento. Somente depois de muito idosa reduziu esses dias e horários.  Atendia diariamente, em média, de 30 a 50 pessoas, nunca cobrou por nenhum atendimento.

De forma contínua, pelo menos desde a década de 1920, portanto, por pelo menos 70 anos, praticou seus benzimentos e aconselhamentos, firme em relação ao seu propósito de vida até o momento em que foi possível realizá-lo. Alguns dos benzimentos que fazia eram para: insônia, dor de cabeça, mal jeito, bronquite, outros males eram conhecidos popularmente como: mal de simioto, bucho virado, cobreiro, quebranto. Transmitiu alguns de seus saberes para membros mais velhos de sua família e da família do Sr. Sebastião Cardoso, mais conhecido como Sr. Bastiãozinho, e essas pessoas a auxiliavam, mas hoje, todos já faleceram.

Dona Aurora e sua família, juntamente com as famílias de Maurícia Teixeira, Vó Murícia, Ângelo Soares, Sr. Angelim,  Sebastião Cardoso, Sr. Bastiãzinho, construíram e mantiveram um forte elo interfamiliar, fundamentado na realização de práticas sociais de convivência diária, educativas, religiosas, de lazer, entre outras, todas permeadas por uma postura de apoio mútuo como regra, que reforçou os laços afetivos. Mesmo por ocasião dos deslocamentos familiares para Fazenda Santa Cândida, Fazenda São Bento, Sítio Recreio –  carinhosamente chamado de Sitinho, de propriedade do Senhor Agenor de Matos, Fazenda Bahia, e, Bairro  Capela, onde ainda hoje, os descendentes das mesmas residem, mais especificamente na Vila Garcês, mantiveram proximidade, deslocando-se conjuntamente, ou com a constância dos encontros familiares. Assim, tiveram fundamental importância para o cultivo e preservação dos vínculos interfamiliares, das atividades religiosas próprias das manifestações de devoção católica popular e do  samba de roda.

O samba de roda, samba de bumbo ou samba campineiro,  é originário do samba da Bahia, mas é uma   modalidade musical, própria da zona rural paulista, surgida entre os escravizados, por ocasião do ciclo do café, na qual são utilizados os instrumentos bumbo, a caixinha, e o chocalho. Inicia-se com um dos cantores puxando um canto, que  são versos improvisados, através dos quais são feitas  saudações, elogios, reprimendas, manifestações de afetos e desafetos,  brincadeiras e desafios,   os demais respondem, isso se repete algumas vezes até que todos tenham aprendido, daí os instrumentos começam, mas  a partir das batidas iniciais  do bumbo, que é o instrumento que faz o solo,  todos cantam e dançam de um modo muito próprio. O núcleo de Samba de Roda existente em Vinhedo, preservado por Dona Aurora, seus familiares e amigos, foi reconhecido como Patrimônio Imaterial Paulista.

Foi vítima de preconceito e discriminação por ser negra, pelos benzimentos e aconselhamentos que fazia e por promover e estimular a cultura do samba de roda. A tudo isso respondeu com retidão de caráter, seu silêncio e continuidade das atitudes, ações e manifestações através das quais efetivou seu propósito de vida de ajudar as pessoas a superarem seus sofrimentos e manteve viva  tradições próprias de  sua origem africana.

Dona Aurora não era alfabetizada, mas soube ler o mundo, FREIRE(1994)[i], e inscrever em sua história, através de seus feitos, uma admirável trajetória de vida.

No âmbito oficial, o reconhecimento pelo seu trabalho se deu através de títulos, troféus e homenagens, aqui listados em ordem cronológica.

– Troféu Comunidade Vinhedense  – Lions Clube – Vinhedo – SP – 1975;

– Ordem do Mérito Legislativo Municipal – Relevantes Serviços Prestados à Comunidade Vinhedense – Câmara Municipal de Vinhedo – SP – 16/01/1981;

– Honra ao Mérito – Ancestrais Africanos – Conforme Decreto Legislativo 48/88 – Câmara Municipal de Vinhedo – SP -13/05/1988;

– Homenagem durante de Ato Ecumênico entre Igreja Católica e Igreja Evangélica  Alusivo ao Mês da Consciência Negra – Paróquia de São Sebastião – Vinhedo – SP – Nov/1995;

– Lei nº 2.392/1999 – Deu Denominação ao Centro de Lazer do Trabalhador situado no Bairro Capela de “ Aurora Bueno Sudário”, mais conhecida como “Praça Aurora Sudário” – Câmara Municipal de Vinhedo –  Vinhedo – SP – 23/03/1999;

– Patrimônio Cultural Imaterial Paulista – Dona Aurora Sudário – Benzedeira –  Comissão Paulista de Folclore – Núcleo Japi – Jundiaí – SP – 24/10/2009 e

– Homenagem através do samba enredo de carnaval “Do cair da tarde ao alvorecer… Bananas descobrem a Aurora… Aurora Sudário” – Grêmio Recreativo Escola de Samba Bananas Nanicas – Vinhedo – SP – Mar/2011.

No âmbito social, o reconhecimento pela sua dedicação à comunidade se dá na manutenção dos valores humanos e tradições culturais que defendeu com intensidade por toda a sua vida.

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[i] FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 29 ed. São Paulo: Cortez, 1994.

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Fátima Aparecida Jesus da Silva é neta de Aurora Bueno Sudário. Diretora Educacional da Rede de Ensino da Prefeitura Municipal de Campinas. Especialista em Gestão Educacional pela Faculdade de Educação – UNICAMP. Graduada em Pedagogia pela  Faculdade de Educação – PUCCAMP. Foi professora das Redes Ensino Estadual do Estado de São Paulo e Municipal da Prefeitura de Campinas. Na Fundação Municipal para Educação Comunitária de Campinas – FUMEC, foi professora e coordenadora de Unidade Escolar. Atuou na direção da Educação de Jovens e Adultos e na coordenação de  Cursos de Formação para Profissionais da Educação  na Prefeitura do Município de Vinhedo.

 

Relação dos prefeitos de Vinhedo

– Dr. Abrahão Aun (1949-1953)

– Guerino Mário Pescarini (1953-1957)
Vice-prefeito: Aurélio Niero

– Dr. Abrahão Aun (1957-1961)
Vice-prefeito: 
Aurélio Niero

– João Porto Netto (1961-1965)
Vice-prefeito: Romeu Corazzari

– Antônio Elias (1965-1969)
Vice-prefeito: Mário Damásio

– Dr. Jair Mendes de Barros (1969-1973)
Vice-prefeito:
 Luis Marques Neto

– Dr. Manoel Matheus Netto (1973-1977)
Vice-prefeito:
 Benedito Mingarelli

– José Carlos Gasparini (1977-1983)
Vice-prefeito:
 Hermínio Bueno

– Jonas Ferragut (1983-1988)
Vice-prefeito:
 José Osmar Meirelles dos Santos

– José Carlos Gasparini (1989-1992)
Vice-prefeito:
 Manoel Matheus Netto

– Jonas Ferragut (1993-1996)
Vice-prefeito:
 Valdir José Palaro

– Milton Álvaro Serafim (1997-2000 e 2001-2004)
Vice-prefeito:
 Élsio Álvaro Boccaletto

– João Carlos Donato (2005-2008)
Vice-prefeito:
 Antônio Marcos Marcondes Ferraz

– Milton Álvaro Serafim (2009-2012 e 2013-2014)
Vice-prefeito:
 Jaime César da Cruz

– Jaime César da Cruz (2014-2016)

– Jaime César da Cruz (2017-2020)
Vice-prefeita:
 Claudineia Vendemiatti Serafim

Seta
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