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O surgimento de Vinhedo

A região onde hoje se situa o município de Vinhedo era ocupada, há milhares de anos, por tribos indígenas dos grupos Tupy, Jê, Macro-Jê e Kaingang que habitavam, até a chegada da colonização, terras nas proximidades do Ribeirão Pinheiros e do Córrego Cachoeira. 

Nos séculos XVI e XVII, o território entre o Rio Capivari e o Rio Atibaia foi explorado pelos portugueses, convertendo-se gradativamente em rota dos bandeirantes e tropeiros. Essa primeira ocupação permitiu uma acumulação primitiva, com um pequeno comércio e a produção de milho, mandioca e outros gêneros.

O intenso fluxo ao lado da Estrada da Boiada, antigo caminho dos índios Goiases, em conjunto com a ocupação de terras por colonos, possibilitaram o surgimento de um pequeno núcleo populacional, que passou a ser conhecido pelos viajantes como “Rocinha”. A partir de 1722, sertanistas chefiados por Bartolomeu Bueno, o Anhanguera, em busca de pedras preciosas, conseguiram potencializar esse caminho, que se tornou rota comercial explorada por Antônio da Cunha Abreu.

Como fruto de uma disputa comercial, outra estrada foi aberta em 1732 por Alexandre Simões Vieira, passando por onde hoje se encontra a Rua Nove de Julho e deslocando parte do fluxo e da ocupação para onde hoje está o Centro da cidade. Desse momento em diante, as sesmarias foram ocupadas aos poucos e os antigos colonos foram expulsos. Segundo o censo populacional, à época chamado de “Maços de População”, Rocinha poderia ser considerada como um povoado no ano de 1778, quando havia oficialmente registrados 333 habitantes e 57 residências.

Do final do século XVIII ao início do século XIX, essas terras se converteram em grandes engenhos de açúcar, sendo o mais importante situado na Fazenda Cachoeira. A produção era liderada por poderosas famílias, notadamente pelos Silva Prado e pelos Monteiro de Barros e o trabalho realizado por força de trabalho de escravos indígenas e africanos. Os últimos formaram o maior espaço de resistência contra a escravatura da então Província de São Paulo, o Quilombo de Rocinha.

Com radicais transformações políticas, econômicas e sociais acontecendo na Europa e nos EUA, no final do século XIX, a matriz econômica no Brasil e em Rocinha era alterada e o café passa a dominar as paisagens das fazendas. Com a Proclamação da República e a Abolição da Escravatura, os imigrantes começaram a chegar em grandes contingentes.

Ainda que tenha gerado muita riqueza para alguns grupos, o café atingiu rapidamente seu limite, fazendo os preços no mercado internacional despencarem. Um conjunto de variáveis negativas para os cafeicultores fez muito deles “quebrarem” enquanto se avizinhava a Revolução de 1930: a crise da República Velha, a quebra da bolsa de Nova Iorque, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a gripe espanhola e a geada de 1918.

Tais fatores ajudaram a precipitar a transição de modelos, e os cafezais foram sendo substituídos pelas videiras. Além das condições climáticas favoráveis, outros dois fatores contribuíram com essa transição: a imigração italiana trouxe a tradição do plantio da uva e o produto que precisava ser vendido rapidamente para não deteriorar contava com a localização privilegiada de Rocinha, pois, estava na rota entre o interior e a capital.

Além dessas mudanças estruturais, a chegada da Estrada de Ferro, em 1872, e o aumento da densidade demográfica contribuíram com a estabilização das atividades que eram desenvolvidas. Com esta nova configuração, surge o Distrito de Paz criado com a denominação de Rocinha pela Lei Estadual n.º 1.138, de 31 de outubro de 1908, subordinado ao município de Jundiaí.

A população, formada majoritariamente por imigrantes europeus, mas também por diversas outras etnias, como sírio-libaneses e afrodescendentes, transformou a agricultura, bastante diversificada, na base da economia local, caracterizada, principalmente, pela grande quantidade de pés de uvas. A expansão de atividades e o surgimento de um mercado imobiliário contribuíram com a instalação das primeiras indústrias na década de 1920 e impactaram a cidade com uma urbanização crescente.

Quarenta anos após ter se tornado Distrito, o crescimento econômico, o aumento da população, a ampliação da autonomia econômica e a organização de um sentimento de pertencimento, mesclado com a insatisfação - já que muitos serviços públicos não chegavam a contento - criaram condições para a emancipação.

No dia 24 de outubro de 1948, um plebiscito oficializou a emancipação de Rocinha e seu desligamento da administração de Jundiaí. Em 2 de Abril de 1949, o território tornou-se município, com a posse do primeiro prefeito e dos primeiros vereadores e recebeu o nome de Vinhedo.

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