Os vinhedenses podem conhecer um pouco mais sobre seis manifestações populares, registradas como patrimônios culturais do Brasil, na exposição que está em cartaz no Memorial do Imigrante. Denominada Brasil: Mosaico Cultural, a mostra, idealizada pela produtora cultural Ana Maria Xavier e realizada com os incentivos da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura, tem o patrocínio da Scania (que está instalando um Centro de Distribuição no Distrito Industrial vinhedense) e o apoio institucional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan e da Prefeitura de Vinhedo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
A exposição fica aberta de segunda-feira a domingo: das 10h às 16h00 (inclusive feriados). A entrada é franca.
Com curadoria da antropóloga Maria Lúcia Monte, a exposição apresenta a história de seis festas: Círio de Nazaré – Belém do Pará; Cavalhadas de Pirenópolis – Goiás; Fandango Caiçara – Paraná e São Paulo; Jongo do Sudeste; Samba de Roda do Recôncavo Baiano e Tambor de Crioula da Ilha – Maranhão.
A mostra está em uma área de aproximadamente 100 metros quadrados dividida em seis módulos, sendo um módulo para cada uma das manifestações populares – e cada um deles composto de quatro biombos com imagens e textos e um painel multimídia com tela de LED de 40′, que transmite um documentário de 6 minutos. A exposição fica no memorial do Imigrante até o dia 7 de outubro.
As festas
Círio de Nazaré – Belém do Pará
O Círio de Nazaré, uma das maiores peregrinações do mundo, integrando ritos de intensa religiosidade e aspectos de feira, lugar de intensa religiosidade e aspectos de feira, lugar de encontro, devoção e diversão, que atrai anualmente cerca de 2 milhões de pessoas. São romeiros, pagadores do promessa, moradores locais, turistas e paraenses que retornam à casa, para celebrar com a família a “quadra nazarena”. Momento de confraternização em que a vida suspende sua rotina, marco de afirmação da identidade paraense.
Cavalhadas de Pirenópolis – Goiás
A peculiaridade da festa do Divino de Pirenópolis é sua extraordinária riqueza e diversidade. É
que ali se celebram também, ao lado do Espírito Santo, outras devoções profundas da fé cristã.
A começar pela Virgem Maria, cultuada pelos antigos escravos na imagem da Senhora do Rosário . Há ainda o Deus Menino festejado pelas Pastorinhas e na brincadeira infantil da Dança de Fita. Por fim, há a defesa da cristandade contra os infiéis do tempo das Cruzadas. São os combates de cristãos e mouros representados nas Cavalhadas. Com seus cavaleiros esplêndidos em suas armaduras medievais, elas se tornaram o foco central das atrações na festa do Divino em Pirenópolis.
Fandango Caiçara – Paraná e São Paulo
O termo fandango tem uma história longa e controversa. Para alguns pesquisadores teria origem árabe, para outros, suas origens viriam da Península Ibérica, quando Espanha e Portugal ainda não eram reinos de fronteiras definidas. Existe ainda uma vertente que classifica a origem do fandango na América Latina, de onde teria partido para a Espanha no início do século XVIII.
O fandango aqui apresentado é compreendido então como uma manifestação cultural popular brasileira, fortemente associada ao modo de vida caiçara, onde dança e música são indissociáveis de um contexto cultural mais amplo. Sua prática sempre esteve vinculada à organização de trabalhos coletivos – mutirões, puxirões ou pixirins, nos roçados, nas colheitas, nas puxadas de rede ou na construção de benfeitorias, onde o organizador oferecia como pagamentos aos ajudantes voluntários, um fandango, espécie de baile com comida farta.
Jongo do Sudeste
Herança africana muito antiga dos escravos de origem bantu, o jongo é característico do sudeste, mas, no mosaico de culturas do Brasil, manifestações semelhantes podem ser encontradas em outras partes, seguindo o rastro das senzalas nas áreas de lavoura de cana ou de café. Já nos tempos coloniais havia registro do batuque, dança acompanhada de canto e percussão e marcada pelo gesto “obsceno” dos dançarinos que se aproximavam uns dos outros tocando-se de leve no ventre. A umbigada faz parte do jongo, que é um tipo de batuque, mas distingue-se dos demais pelos seus misteriosos fundamentos religiosos e de magia que tornam os jongueiros conhecidos como “feiticeiros da palavra”.
Samba de Roda do Recôncavo Baiano
Samba de roda se dança assim: é na palma da mão e o miudinho no pé, ainda que sejam muitas as suas variações encontradas na Bahia. Esta é uma tradição dos antigos escravos que fizeram a riqueza do Recôncavo, com seus engenhos e plantações de fumo, até o século XIX. Depois, a decadência econômica quase pos em risco a tradição, dispersando a população e tornando difícil encontrar os velhos instrumentos como a violinha chamada machete. Apropriada da cultura dos senhores, tal como a forma poética dos versos, no samba de roda elas ganham sonoridade e sentido próprios. Assim, quando é preciso, os sambadores tocam com os instrumentos disponíveis, inclusive aumentando a percussão, mas manda a tradição que samba de roda se toque e se dance com viola, pandeiro e prato e faca.
Tambor de Crioula da Ilha – Maranhão
Num mosaico, as pequenas peças de que ele é feito podem ter a mesma forma e, no entanto,
em cada parte em que são reunidas, elas formam com suas cores um desenho singular. Assim é também no mosaico cultural brasileiro, em que alguns elementos, sendo os mesmos, compõem em cada manifestação uma figura própria.
É o que ocorre com o Tambor de Crioula do Maranhão, uma dança circular acompanhada de canto e percussão que partilha muitos elementos dos antigos batuques coloniais, encontrados no jongo do Sudeste, no samba de roda da Bahia ou no coco de umbigada de Pernambuco. Mas em São Luis a exuberância do toque dos tambores e do giro das saias rodadas cria um desenho de rara beleza que constitui uma parte essencial da identidade maranhense.
Serviço
Exposição Brasil: Mosaico Cultural
Período: até 7 de outubro
Local: Memorial do Imigrante
Av. dos Imigrantes, s/nº – Portal – Vinhedo – SP
Horários: segunda-feira a domingo: das 10h às 16h00 (inclusive feriados)
Entrada franca
Site da exposição: www.brasilmosaicocultural.com.br