Iniciativa reforça os impactos à saúde e os desafios da fiscalização entre jovens
Na última terça-feira (25), alunos do período noturno da Escola Municipal Integração participaram de uma palestra sobre os riscos do cigarro eletrônico. A apresentação foi conduzida pela Dra. Daniela Moitinho Schock, dentista da Secretaria de Saúde do município e faz parte de uma iniciativa conjunta das Secretarias de Saúde e Educação para conscientizar estudantes sobre os impactos do uso desses dispositivos.
Durante a palestra, a profissional explicou que os cigarros eletrônicos foram introduzidos no mercado como uma alternativa ao tabaco convencional, com a promessa de reduzir danos e auxiliar fumantes a abandonarem o hábito. No entanto, estudos apontam que esses dispositivos não cumprem essa função e, além disso, têm atraído uma nova geração de usuários, especialmente adolescentes e jovens adultos. O design moderno, a variedade de sabores e a ausência de cheiro característico tornam a fiscalização mais difícil e facilitam o consumo em ambientes familiares e escolares.
A Dra. Daniela destacou que os líquidos utilizados nos cigarros eletrônicos contêm altas concentrações de nicotina, substância responsável por provocar dependência química, física e psicológica. Além disso, a inalação do vapor expõe os pulmões a compostos tóxicos, como acetona e formaldeídos, conhecidos por causar danos às vias respiratórias e aumentar o risco de doenças cardiovasculares. Ela alertou que, ao atingir os alvéolos pulmonares, essas substâncias comprometem a troca gasosa entre oxigênio e gás carbônico, podendo levar a quadros graves de insuficiência respiratória.
A legislação brasileira proíbe a comercialização, importação e propaganda de cigarros eletrônicos, conforme determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, a Lei nº 12.546/2011 veda o uso desses dispositivos em locais fechados, públicos ou privados, assim como ocorre com outros produtos fumígenos. Apesar das restrições, a venda irregular e o fácil acesso ao produto preocupam especialistas, que alertam para a necessidade de medidas mais eficazes de fiscalização e campanhas educativas.
A palestra também abordou os impactos do tabagismo na saúde pública. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de produtos derivados do tabaco, incluindo os cigarros eletrônicos, está relacionado a aproximadamente 8 milhões de mortes por ano em todo o mundo. Entre essas vítimas, 1,2 milhão são fumantes passivos, que inalam a fumaça ou o vapor emitido por esses dispositivos. As principais doenças associadas ao uso incluem câncer de pulmão, doenças cardiovasculares, enfisema pulmonar e hipertensão.
Foi ressaltado que a informação é fundamental para a prevenção do uso de cigarro eletrônico, com a necessidade de conscientizar os jovens sobre seus riscos. Para quem deseja interromper o consumo de produtos derivados do tabaco, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece suporte gratuito, que inclui acompanhamento médico e psicológico, além de métodos auxiliares, como adesivos, pastilhas e gomas de mascar.
A iniciativa será estendida aos alunos do 6º ao 9º ano da rede municipal de ensino, ampliando o acesso a informações sobre os riscos do cigarro eletrônico e seus impactos na saúde.