Nova estrutura, que tem 980 gavetas mortuárias e visa preencher demanda por sepultamentos, requer cuidados para prevenir possíveis vazamentos de líquidos ou gases
As obras do novo cemitério municipal estão em fase conclusiva. Nesta quinta-feira (24), uma equipe de funcionários do Serviços Públicos de Vinhedo recebeu um treinamento para garantir o funcionamento adequado do espaço.
Sob a tutela de dois contratados da empresa responsável pela obra, dez funcionários foram instruídos sobre a prática adequada de sepultamentos e operação de máquinas, com o objetivo de prevenir possíveis vazamentos de líquidos ou gases provenientes da decomposição dos corpos.
Para além do treinamento, o novo cemitério municipal conta um sistema ecologicamente correto, usando a tecnologia para que o líquido da decomposição dos corpos seja tratado para que não contamine o solo e o ar, eliminando, até mesmo, odores. A estrutura é vertical e tem 980 gavetas feitas em alvenaria e concreto, solucionando de forma definitiva um problema de falta de sepulturas.
São cerca de 1,2 mil metros quadrados de construção, no único espaço disponível dentro do próprio cemitério, fazendo fundo com a Rua Bahia e a Avenida Brasil, com investimento de R$ 4,3 milhões.
A Secretaria de Serviços Públicos ainda vai definir o planejamento do cemitério.
Um problema antigo
A falta de sepulturas e jazigos no atual cemitério era um problema recorrente, apontado desde 2015, e que trazia preocupação aos moradores e autoridades.
Desde então, obras paliativas para ampliar a capacidade do local foram realizadas, mas nada que resolvesse o problema de forma definitiva. De acordo com a Secretaria de Serviços Públicos, restam cerca de 40 jazigos disponíveis no Cemitério de Vinhedo.
Tecnologia e Meio Ambiente
Arquitetonicamente, em Vinhedo, as gavetas do novo cemitério estão dispostas sob a forma de constituírem um mosaico celular composto de linhas e colunas ortogonais. E sua construção é dotada de uma tecnologia onde gases e vapores gerados no processo serão conduzidos para um dispositivo denominado ‘Inativador de Gases’, onde o CO2 e o gás sulfídrico são transformados, respectivamente, nos inofensivos carboneto de sódio e sulfeto de sódio, gases inodores e não contaminantes.
No Brasil, o Conama já determina que, mesmo em cemitérios tradicionais, o líquido da decomposição seja tratado para que não contamine o solo. No entanto, nem sempre isso acontece, pois os cemitérios mais antigos não foram instalados com a tecnologia necessária.
Apesar de parecer novidade, o conceito de 'enterro vertical' existe no Brasil desde 1930 no Cemitério São Miguel e Almas, no Rio Grande do Sul. Já o Memorial de Santos, onde está o corpo de Pelé, existe desde 1983 e conta com mais de 17 mil lóculos.
Enquanto os cemitérios parque (horizontais) têm a sua origem ligada ao protestantismo americano, os cemitérios verticais estão ligados à cultura oriental de otimização de espaços em função dos altos índices populacionais.